O livro “Orgulho e Preconceito”, romance da escritora inglesa Jane Austen foi minha última leitura de 2009. Peguei a obra sem muita fé, pensando que levaria meses para ler, e que a história fosse lenta, arrastada. Qual não foi minha surpresa! Não conseguia largar o livro. Estava na praia, para o Reveillon, e meus amigos brigavam comigo o tempo todo, “será que ela não vai parar de ler isso?” Só parei quando terminei, e terminei ainda em 2009, no dia 31.
Mas o que essa obra tem de mais? Bom, a história é despretensiosa e versa sobre o mais antigo dos assuntos: o encontro do amor. Mas Jane a conta de tal forma, e com um colorido psicológico dos personagens, que nos coloca dentro da cena, em pleno século XIX. Nós vamos sem saber, nos envolvendo com as regras da etiqueta, do flerte da época, e nos apaixonando junto com os personagens, a cada dança…
Entre os jovens ingleses, todo mundo já ouvir falar em Darcy e Lizzy. O rapaz riquíssimo e aparentemente orgulhoso – que repudia a senhorita de cara por ser de classe social mais baixa e não bela o suficiente para prender sua atenção, mas que com o decorrer do livro vai se mostrando muito valoroso.
E a moça pobre, com grande presença de espírito, alegre e inteligente demais para sua época. Enquanto outras moças apenas bordavam, conversavam e pensavam em casamento, Elizabeth era questionadora e observadora, com gosto por descobrir e aprender sempre mais, apesar de se manter distinta e educada, como a época exigia. Lizzy não se submeteria a um casamento sem amor.
Tanto o filme quanto o livro, nos envolvem nessa aura romântica e inocente da época de Jane – que também era uma mulher inteligente, que se apaixonou mas foi proibida de casar com seu amado, por causa dos poucos recursos do moço. Naquela época, a única opção de vida para as mulheres era o casamento, mulheres não eram consideradas sucessoras na herança. E Jane, que não se casou, ainda em vida teve sucesso como escritora. Se não me engano, Orgulho e Preconceito foi seu primeiro grande sucesso. Não era comum viver de literatura, ainda mais sendo mulher. Acredita-se que as histórias de Austen são tão bem aceitas até hoje, porque ela realmente falava do que via, do que sentia, as suas personagens trazem muito dela.
Cada membro da família Bennet, que é o centro da história, e que foi tão bem caracterizada no filme, é bem construído psicologicamente: a mãe desesperada para casar as filhas, chegando as vezes a ser vulgar, Elizabeth e Jane, duas damas bem educadas e delicadas, sendo que Jane mais ingênua e doce que Lizzi. As meninas mais novas, e suas risadinhas fúteis, e o pai da família que, como se costuma dizer, deixava a coisa correr como as meninas quisessem.
Os dois romances principais da história, o de Jane e Bingley, que é caso de amor à primeira vista, e Lizzi e Darcy, que é um caso de “amor à segunda vista” [que eu particularmente adoro], vão nos envolvendo… a maneira que sabemos como Lizzy se engana em relação à Darcy, que sem sucesso luta contra o encantamento que sente pela moça, é muito envolvente. No filme nós não temos acesso à essa luta interna do moço como no livro. Apesar do lindíssimo Matthew Macfadyen expressar muito bem o tormento de Darcy, quando surpreende à Elizabeth [e a nós] com uma declaração mais que apaixonada de amor.
O filme remonta perfeitamente o cenário do livro: a fotografia perfeita, com o interior da Inglaterra e suas lindas paisagens campestres, o figurino impecável, a escolha dos atores, Keira Knightley ficou perfeita como Lizzy, com seus olhos marcantes que tanto perturbam Darcy desde que a viu. E a trilha sonora quase toda em músicas no piano, que nos transportam imediatamente para aquele tempo.
Realmente, Austen conseguiu contar-nos um lindo “conto de fadas” realista… ao mostrar as armadilhas do preconceito, do orgulho e os entraves que nós mesmos colocamos no amor, por julgarmos saber o que as outras pessoas sentem, sem conversar sobre isso abertamente. E o lindo final, que faz com que a gente termine o filme, e o livro acreditando na felicidade eterna, e em dias mais bonitos, e no amor verdadeiro!
O final tradicional do filme, se assemelha muito ao livro. Mas nos Estados Unidos e no Canadá foi apresentado um final alternativo, que é lindo!!! Assista aqui:
Mais algumas imagens…
E aí, já assistiu “Orgulho e Preconceito”? Leu o livro? De qual gostou mais??? Qual sua cena favorita?
27/01/2010 às 19:30
oi Cleide!
Não vi o filme…o livro li faz muito tempo, não me lembro dos detalhes…mas uma coisa é certa existe um conflito interior na maioria das mulheres…enquanto um lado grita pela independência, a natureza nos chama a encontrar um verdadeiro amor!! o famoso sapo vestido de principe…Sei lá! acho que poucas conseguem manter um equilibrio entre esses dois desejos.
Por mais que avancemos na sociedade atual…algo nos faz imcompletas.
bjs!
29/01/2010 às 01:20
Ai ai Yanne, uma coisa que me intriga… será que alguma coisa na natureza dos homens os chama a encontrar também um grande amor? Ou é um peso que carregamos sozinhas???
Eu concordo com você, até a nossa Diva: Scully, super poderosa, caçadora de aliens do mal, cientista brilhante, dominadora da arte do Scully-fu… nos diz em “all things” que ela queria tudo que uma mulher queria naquela altura da vida… e como ela lutou para ter um filho, e por seu amor… até as heroínas, tão fortes, não estão imunes, não é?
28/01/2010 às 16:45
Poxa… concordo bastante com a Yanne… 🙂
Com relação a pergunta final… claro que o livro é melhor. Sempre é. O filme é muito perfeito, mas o livro consegue ser muito melhor. Só de ler toda a cena da primeira declaração de amor dele… a discussão… a carta… nossa… a carta…. lindo.
Eu amei essa cena extra do final alternativo. Mas fiquei feliz dela ter permanecido como alternativa…. ela não ficaria bem no filme… sei lá. rsrs
Beijos, Cleide!
29/01/2010 às 01:16
Josi, concordo com um monte de coisas… o livro tem muito mais detalhes, faz a gente viajar por todos aqueles lugares, e penetrar na psique dos personagens…
Mas o filme é uma das melhores adaptações que eu já vi… é muito fiel, inclusive na escolha dos atores.
Eu também amo a carta… ela foi muito resumida no filme, e concordo que o final alternativo, tinha que ficar como alternativo, apesar de confessar, que quando vi o filme pela primeira vez, e não conhecia a história, fiquei frustrada com a falta de um beijo entre os protagonistas… eu tenho isso, não aguento filme sem beijo!
29/01/2010 às 01:05
amei esse livro da primeira vez que li, achei ele lindo. A mais linda declaração de amor para mim é quando ele pede ela em casamento pela primeira vez, foi a parte do livro que mais me surpreendeu, nunca imaginaria que o mrs Darcy faria aquilo e quando fez…tudo bem que foi uma declaração cheia de preconceitos, mas ele foi sincero. E essa cena do livro passada para as telas naquela cena da chuva…adorei.
Amo a cena daquele primeiro toque deles, como o Darcy pega a mão dela e depois mostra a mão dele. Apesar de achar melhor o livro(sempre é) o filme conseguiu passar bem o livro. A hora da cena da dança que eles ficam sozinhos(parece que na verdade não era para ser assim,mas os figurantes não aguentavam mais ficar voltando a cena)é perfeita.
adorei o filme, amei o livro, agora quero pegar outros da Jane Austen para ler.
02/02/2010 às 14:39
“parece que na verdade não era para ser assim,mas os figurantes não aguentavam mais ficar voltando a cena” – by Jade.
Jura? Caramba! Mas ficou perfeito demais daquele jeito… deu uma ideia de que havia apenas eles no mundo… que o resto sumiu…
02/02/2010 às 16:30
Eu também fiquei impressionada com isso… porque sempre que assisto ao filme, tenho a impressão que a intenção era que parecesse que nada mais no mundo importava além dos dois…
29/01/2010 às 18:38
Acho que os homens também esperam encontrar um amor, mas pra eles funciona de outra forma as expectativas. Já que a natureza tem outras cobranças e outros papeis pra eles.Porque nessa briga de quem pode mais, ou quem é mais independente nesse coxtento social da atualidade e depois da tão falada liberdade feminina , ambos estão perdidos e cada vez mais se perdendo nos sentimentos verdadeiros!
Pareço romântica demais? Ou como sou timida passei tempo demais observando a alma humana vendo além do que as pessoas tentam mostrar.Não sei?
bjs
29/01/2010 às 20:45
Yanne, eu penso como você, e espero que a humanidade se recupere desse labirinto de sentimentos logo… porque a experiência do amor é muito rica para todo ser humano.
Talvez sejamos românticas demais mesmo… mas eu sempre vou acreditar que existe amor de verdade, e que no fundo, todo mundo quer…
10/06/2010 às 01:16
[…] https://cleidescully.wordpress.com/2010/01/27/orgulho-e-preconceito-%e2%80%93-o-romantismo-atemporal-… […]
13/07/2010 às 04:20
Adorei ler esta página onde encontrei o comentário que eu faço desde que vi o filme pela primeira vez. Encantou-me toda a leveza de diálogos, as personalidades marcantes dos protagonistas retratando uma época (séc. XIX) na velha Inglaterra. “Orgulho e Preconceito”, começa com o nascer do dia e termina, igualmente, com o sol nascendo. Um romance sem igual. Será exagero de minha parte, mas vi o filme praticamente um mês inteiro, dia após dia. Depois consegui o livro, e encontrei o que tanto procurei: o desfecho do romance. Brilhante colocação da história no filme, nenhuma cena de amor, mas ele esteve presente em cada cena. Adorei! Sem exagero, esta foi a mais bela história de amor de há muito tempo.
Stella
12/08/2010 às 02:33
Vi o filme por acaso esse dias na tv e do nada fiquei encantada. Depois disso já assisti mais duas vezes e já providenciei uma cópia para assistir qdo estiver precisando de lembranças boas desse amor despretencioso.
16/04/2011 às 19:33
Leia o livro… é sensacional!
26/11/2010 às 11:35
Eu assisti o filme, li o livro amei os dois e as senas que mais gostei foi a sena da chuva a sena que ele esta escrevendo na sala e admirando Lizzi e Kerolay e o final maravilhoso para mim foi a história de amor mais bela que ja vi e li o Mrs. Darcy é maravilhoso obrigado.
23/12/2011 às 23:09
Maravilhoso Filme…Só de escrever, brotam lágrimas nos olhos, músicas, a Etérea Beleza e Graça Femininas, os cenários naturais, o enredo, é tudo isso Mágico, Cativante, toca a Alma e o Coração, brevemente lerei o livro que consegui por download em portugues, é um dos mais Lindos Filmes que assistí, que exalta de forma nobre, pura e
Sublime; o Inefável Amor entre um Homem e uma Mulher…
07/01/2013 às 21:25
[…] Para ler mais a respeito: https://cleidescully.wordpress.com/2010/01/27/orgulho-e-preconceito-%E2%80%93-o-romantismo-atemporal-… […]
24/07/2013 às 01:28
[…] heroína aos avessos, inspirada (quase uma paródia) em sua história com Darcy na grande Lizzy de Orgulho e Preconceito, que inaugurou a fileira de mocinhas que resolveram romper com a fatalidade e construir seu […]
10/06/2015 às 01:51
[…] E já que falei em Bridget Jones, não posso deixar de fora desta lista “Orgulho e Preconceito”! Digamos que Bridget seja a versão “zoeira” do clássico “Pride and Prejudice” de Jane Austen. O filme é de extremo bom gosto, fotografia, cenografia, figurino e atuações perfeitas! Já falei desta obra aqui. […]