Guns n’ Roses e meus tempos de adolescente…

Se existe uma trilha sonora para a vida da gente, ou pelo menos para fases dela, a trilha de minha adolescência definitivamente foi Guns n’ Roses. Não, eu não era uma adolescente problema, nunca tomei um porre na minha vida… há quem diga que não tive adolescência… Mas certamente que passei pela fase de incertezas e descobertas como todo mundo.

Estive ultimamente baixando algumas músicas da minha saudosa banda favorita e acabei remontando a como eu me tornei tão fã de rock n’ roll naquela época. Eu era uma típica “CDF” na pré adolescência. Se vocês não levam à sério aqueles filmes de adolescentes americanos, onde os alunos estudiosos são humilhados pelos populares, eu digo que aquilo é a pura verdade! Como os jovens podem ser cruéis… minhas colegas “populares” deviam ser presas!

Sendo uma típica CDF: tímida, estudiosa e quieta, imaginem vocês o meu pavor perante a tarefa do semestre da disciplina “Lingua Inglesa”: traduzir e fazer a performance de um cantor ou banda internacional… pra piorar, não consegui entrar em nenhum grupo. Acabei escolhendo a Madonna, imaginem só: 13 anos, tímida, tendo que apresentar um trabalho sozinha pra sala toda, sobre a Diva Pop – fórmula pronta para o fracasso. Pelo menos a professora me livrou da performance,  eu poderia passar um clipe dela apenas, e assim o fiz… só que tive um problema, troquei os clipes na hora e passei o clipe da música errada… imaginem só a humilhação que passei o resto do ano?! Mas esse fatídico trabalho [pelo qual o fracasso chorei copiosamente]  me despertou para duas coisas que foram fundamentais…

A primeira foi a constatação de que eu precisava aprender Inglês. Posso dizer, aprendi sozinha desde então, quando entrei no curso – uns seis anos depois  – já falava de tudo! Segunda… que banda de cabeludos era aquela que cantava uma balada tão triste e linda? Tinha descoberto os Guns n’ Roses, na apresentação de trabalho de umas colegas mais velhas e mais rebeldes que as patricinhas e mauricinhos que infernizavam minha vida na escola. Ao vê-los fazer a performance de “Patience” me encantei com o som. E acabei amiga desse grupo, o que me salvou um pouco da chateação e tortura que eu achava ir à escola.

Guns n’ Roses era a banda de Rock do momento, formada em 1985, liderados pelo vocalista ruivo e rebelde Axl Rose, com Slash na guitarra solo, e ainda Duff, Steven e Izzy na formação inicial. Axl era o “cabeça” da turma, o grande sucesso da banda se deve às letras que ele escrevia, e ao seu tom de voz poderoso, dizem que ele era um barítono raro. O fato é que ele dava berros que ninguém conseguia copiar em suas canções… em rock, isso diz muito! Os solos do Slash, segundo meus amigos guitarristas, eram simples e fáceis de copiar, mas eu, que não entendo muito de música, achava muito bons e originais!  Gostar de Guns, me permitiu conhecer outras bandas, que também gosto até hoje: Aerosmith, U2, Faith no More, a já extinta Skid Row, Extreme.

Eu tinha crescido ouvindo A-ha, e outras bandas Européias e americanas,  possuía uma tendência para gostar de rock. E foi muito bom. Saí da escola cheia de colegas esnobes e entrei em uma escola com adolescentes normais. Como fã de Rock n’ Roll, acabei me enturmando. O curioso é que não deixei de ser CDF, sempre tirava as melhores notas, mas andava com os piores alunos… os colegas que tinham banda de rock e tomavam bomba. Pelo menos, depois que entrei na escola, ninguém mais tirou nota baixa. A gente curtia rock, mas estudava junto.

As músicas do Guns, me trazem boas lembranças, os shows dos meus amigos, a festas aqui em casa… a banda vinha, trazia violões, e cantávamos o dia todo. Me lembro das discussões que os clipes novos causavam. Geralmente eram passados no domingo e segunda-feira, todos na escola comentavam: “Você viu que interessante o clipe de Don’t Cry?” “Eu gostei muito da parte em Noverber Rain em que o Slash sobe no piano e faz o solo final!” [ e eu lembro de ter amado aquele vestido de noiva do clipe de November Rain… hoje eu acho totalmente periguete! hahaha]

Os lançamentos de clipes eram assunto pra mais de uma semana! Pra falar a verdade, até hoje os clipes surrealistas [digo literalmente porque alguns clipes do Guns pareciam saídos da mente de Dali!] me instigam questionamentos profundos… “De quê a mulher de Axl morre em November Rain???” “Quem é o bebê de Don’t Cry?” Só Axl sabe… aff! A gente só pode conjecturar…

É engraçado ouvira banda, agora que já se passou algum tempo. A mente depressiva de Axl Rose, de onde saíam aquelas baladas tristes, ou as letras que a tudo xingavam,  tinha alguma genialidade. Não sei o que me atraiu, acho que o que mais gosto no rock, até mais do que as letras, é o som da guitarra, bateria… ainda admiro um bom solo de guitarra. É certo que hoje reconheço, que a imagem de mulher que eles passavam, não era das melhores. E as histórias de amor que contavam totalmente tumultuadas. E que eles não tinham o melhor dos gostos para se vestir… Mas gostar de rock n’ roll me ajudou a sair do estado de adolescente depressiva, e ter amigos, aprimorar o gosto musical… na época eu até entrei em aula de guitarra e violão.

De tanto ouvir até saber todos os berros, gemidos e letras de cor e em ordem, aprendi também a ouvir os instrumentos, saber que hora o contrabaixo entrava, ou que a bateria se alterava. Meus amigos também aprenderam sobre teoria musical, educaram-se esteticamente através do rock. Eu fico pensando hoje em dia, o que a geração que cresceu ouvindo os berros da Xuxa e agora se hipnotizam com axé, pagode, funk e afins, pensam sobre música, ou o que as gerações que eles vão criar, pensarão. Só o tempo dirá… A minha geração… filha da revolução… que era considerada alienada e perdida, falou através do rock, e isso diz alguma coisa, talvez não fôssemos tão alienados assim…

Hoje eu ouço as letras rebeldes de Axl, e acho até graça… ainda bem que minha mãe e meu pai não entendem inglês… só achavam graça daquele moço de “ceroulas”, correndo pelo palco, jogando o microfone para os lados e gritando… vou deixar algumas das minhas músicas favoritas pra vocês, não que eu concorde com as letras… mas gosto ainda do som! Depois me contem… qual foi a trilha sonora da sua adolescência?

Pra começar os surreais Don’t Cry e November Rain

Quem não assistiu “Exterminador do Futuro 2” dezenas de vezes para ver de novo a sequência de ação em que tocava “You could be mine” que joque a primeira pedra! Excelente clipe!

Yesterdays, um clipe minimalista… eu gosto!

Paradise City e sua bateria perfeita!

E por fim, Sweet Child o’ mine, balada inesquecível… quando puderem, confiram a letra! Os brutos também amam… rsrsrs

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