“Eis que estou à porta e bato”

Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.Apocalipse 3:20

Sou destas pessoas que carrega questões por tempos e tempos, pensa nelas até que me venha uma luz… esta luz, as vezes vem durante o sono, e acordo com respostas,  idéias, insights na cabeça.

Hoje acordei com esta exata passagem do Apocalipse na mente… que tipo de pessoa, acorda antes das cinco da manhã sonhando com trechos da Revelação? Mas a inspiração não veio somente na citação bíblica, veio com uma reflexão.

Acordei com a reflexão de que esta passagem é a metáfora perfeita para aqueles que gostam sem se saber correspondidos… que se encontram na angústia da dúvida entre se entregar ou desistir, prosseguir e insistir ou deixar passar.

Alguém abre um coração fechado?

Dizem que amar é o eterno exercício da esperança, de que seu sentimento desperte o sentimento da pessoa amada. Mas qual o limite? Qual o momento de falar e de calar?

Milhares de livros de auto-ajuda nos dirão ora para nos fazermos de difíceis, baseando-se em teorias de que as pessoas gostam do que lhes é negado, outros dirão para declararmo-nos, pois o amor deve caminhar junto com a verdade.

Particularmente não gosto muito de jogos amorosos… simplesmente não aprendi a fazê-los e muito menos a lidar com eles. Se gosto de um homem, e ele se faz de difícil, consequentemente desistirei, pois interpretarei a ausência como desinteresse. Se alguém gosta de mim e eu não gosto, prefiro nem dar abertura para não brincar com sentimentos alheios… talvez por não me permitir portar levianamente com sentimentos alheios, sempre me assusto com pessoas que tratam o coração dos outros como qualquer coisa…

Mas as palavras de Jesus, para as Igrejas em Apocalipse, me vieram como aquele bálsamo necessário no momento da dúvida, da tomada de consciência de que se quer estar com alguém… “Eis que estou à porta e bato”… eis a oferta sincera de quem tem coração aberto a conhecer e se encantar pelo outro: um convite, um olhar, um sorriso, uma batida na porta…

Não trato aqui da intenção mais comum e física de se satisfazer o desejo carnal com o outro, que também é legítima. Reflito sobre o convite para um contato real e profundo entre duas pessoas, vivas, falhas, comuns, humanas, feridas (como toda população planetária), mas dispostas…

Jesus nos bate à porta da casa – do coração, segundo a passagem… por que nos acharíamos por nossa vez, no direito de arrombar o coração alheio? O outro é um universo, tem livre arbítrio, tem gostos, histórias, tem suas subejtividades.

“Se alguém ouvir minha voz, e abrir a porta ceiarei contigo” – Entretanto, se o outro aceita o convite, não há maior banquete a ser servido na vida do que a oportunidade de se amar e ser amado, mas a ceia depende de que se abra a porta. Assim é o amor, você faz o convite, a pessoa pode não aceitar, e partir.

Contudo o banquete é seu, esta abundância já existe em você que é capaz de amar, e haverá infinitas oportunidades de compartilhá-lo, pois o primeiro a se beneficiar com a prosperidade é o próprio ser disposto a oferecê-a, de se entregar com confiança ao outro.

O ser amado pode abrir a porta, e trazer para dentro do seu coração também o seu próprio banquete de luz e sombras, para compartilharem. Entre duas pessoas de boas intenções, anseios verdadeiros no bem, pessoas que não deixaram seus sonhos morrer, não há força maior e mais construtora do que o amor… pois é o compartilhamento à “mesa” da vida, do que se tem de melhor dentro de si, e também das feridas passadas e sombras, para que sejam todas curadas e iluminadas pela própria emanação Divina.

Para quem é capaz de ver além do físico e transitório, de acolher e envolver o outro, a viagem do autoconhecimento e o conhecimento profundo do ser amado, é a viagem mais incrível que se pode fazer… trazendo a compreensão, de que o passado, que em que as vezes nos machucamos ou ferimos os outros, foi apenas um processo de aprendizado para manifestação de tudo que podemos ser, e que muitas vezes aprendemos a enxergar, refletindo-nos no ser amado…

Os que amam, lembrem-se do exemplo de Jesus, e tratem o amor com a suavidade que lhe é própria e solicitada… oferte seu coração sem medo, bata à porta do coração do outro, mas sem invadir-lhe a intimidade sem ser convidado…

A você que ouve o chamado de amor, não perca a grande ceia de abundância da vida, por medo do passado, das dúvidas, do ser ou não ser… permita-se-lhe escutar a voz e sonhar novamente…

Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.Apocalipse 3:20

4 Respostas to ““Eis que estou à porta e bato””

  1. Yanne Says:

    É sempre um banquete de sensibilidade ler seus pensamentos tão bem expressados aqui neste blog.Só quem muito ama ou amou pode saber como é feliz aquele que carrega esse sentimento e sabe como valorizá-lo.
    O medo de sofrer sempre será uma barreira a ser ultrapassada por aqueles que amam,porém muito mais triste seria passar pela vida sem conhecer a verdadeira felicidade da alma que só o amor conhece.E quem poderia falar melhor sobre o Amor ,se não aquele que era o próprio Amor personificado em um SER.

  2. Viviane Says:

    Estou amando seu blog…continue, não pare nunca!! Deus a abençoe!


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